“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” (Gn 3.1).
Tradicionalmente atribuído a Moisés, Gênesis, “origem” em grego, registra o relato das primeiras coisas, iniciando pela criação e queda da raça humana. O capítulo 3, do qual lemos o versículo primeiro, introduz na história humana um personagem que não pode ser desprezado por ninguém, especialmente pelo cristão, embora ele deva resisti-lo e nunca o temer como quem pudesse ter poder para arrebatá-lo das mãos de Deus: refiro-me à serpente, entendida como o diabo pelos judeus e explicitada como tal pelo apóstolo João no Apocalipse (cf. 12.9 e 20.2). No texto de Gênesis, a serpente é descrita como o animal mais sagaz dentre todos os demais animais selvagens. Certamente esta menção teve um propósito bem específico, o de destacar o caráter astucioso do tentador, o diabo.
Que o diabo é astuto e a tentação é sorrateira, a Bíblia registra vários exemplos, inclusive o de Jesus, que o enfrentando no deserto, o venceu por sua fidelidade absoluta à Palavra de Deus. Aliás, excelente exemplo nos deixou Jesus: fidelidade total às Escrituras Sagradas como arma para se defender e escapar das armadilhas da tentação. Por isso Paulo, em Ef 6.10-17, chama a Palavra de Deus de “espada do Espírito” enquanto está descrevendo a armadura e armas do cristão pronto para enfrentar o dia mal, dia da sua luta contra as ciladas do diabo.
Pedro, em 1 Pe 5.8-9, também trata o diabo como sorrateiro ao compará-lo como o “leão que ruge”, à espreita de alguém para devorar. Sua exortação para os cristãos, nesta situação tão ameaçadora, é o da sobriedade e vigilância, da firme resistência pela fé.
Irmãos e irmãs, Eva deixou-se levar pela tentação, como Davi também, quando cobiçou Bate-Seba, assim como outros personagens bíblicos, e como nós, do mesmo modo, já deixamos. Isto não é bom e o resultado é sempre o pecado. Precisamos, então, estar preparados, pois a serpente continua entre nós, continuamente colocando armadilhas em nosso caminho para nos capturar. Sejamos sóbrios e vigilantes em oração, sempre fieis ao ensino bíblico, manejando bem esta arma espiritual em nossa defesa contra o mal e o pecado.