“A boa fama é preciosa, mais que qualquer outro tesouro!”
A frase acima é de João Calvino, proeminente reformador protestante do século XVI. Ela expressa o quanto é valioso ao crente a boa fama. Mas o que ela significa?
Claro, qualquer pessoa pode (embora não deva) falar o que quiser da outra. Mas, se o que falar for falso, invencionice ou sem fundamento, fica então caracterizada a difamação, a calúnia. Passar isso adiante caracteriza a fofoca, o mexerico.
Para o cristão, as Escrituras tratam das duas situações. Ela reforça positivamente a necessidade do discípulo de Cristo mostrar motivos para que as pessoas tenham dele o conceito de boa fama. Por outro lado, negativamente, a Bíblia é incisiva na proibição do uso das palavras para difamar outras pessoas.
Vejamos isso:
À favor da boa fama, o pregador, autor de Eclesiastes, disse que ela “é melhor do que um bom perfume” (7.1a). Pedro exortou seus leitores a manterem “exemplar o seu procedimento no meio dos gentios”, ainda que houvesse difamação da parte deles (1 Pe 2.12). Paulo advertiu a que ocupássemos os nossos pensamentos com “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama” (Fp 4.8), pois se na mente há busca pela boa fama, no corpo ela certamente estará presente.
Contra a difamação, Tiago adverte: “Irmãos, não falem mal uns dos outros” (4.11). Pedro, visando a santificação do povo de Deus, ensina que o crente deve livrar-se “de toda maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e toda espécie de maledicência [falar mal dos outros]”. Na lei mosaica já existia forte admoestação contra a fofoca: “Não ande como mexeriqueiro [fofoqueiro, quem espalha boatos, o mau cheiro da difamação] no meio do seu povo” (Lv 19.16).
Partindo desta última exortação, sobre nunca agir como um difamador, e para nos ajudar nesse sentido, podemos fazer uso de uma ferramenta popularmente conhecida como “as três peneiras de Sócrates” que foi um grande sábio da Grécia antiga:
“Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou: – O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? – Três peneiras? – indagou o rapaz. – Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o mundo? Arremata Sócrates: Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos”.