Confissão de pecados e cura

“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16).

 

Citado por diversas fontes primitivas como sendo irmão de Jesus, Tiago muito provavelmente escreveu primeiramente focado nos judeus que haviam se convertido ao cristianismo. Sua carta trata de vários assuntos, e ao seu final, faz várias exortações, inclusive sobre oração e cura, conforme lemos inicialmente.

Num contexto de promessa divina de resposta às orações e perdão dos pecados, Tiago incentiva aos crentes à confissão mútua a fim de serem curados. De algum modo, há pecados que produzem doenças e assim como o presbítero pode ser chamado para orar pelo enfermo (cf. versículo anterior, “14”), também toda a igreja deve se envolver no processo de intercessão pela cura dos que na comunidade estão adoecidos, associando à intercessão a prática da confissão mútua.

Para entender melhor o que este texto está a ensinar, observemos o comentário de Calvino a seu respeito:

“As Escrituras nos recomenda outras duas espécies de confissão. Uma delas é que se faz por nós. A isso tendem os dizeres de Tiago, quando exorta a confessar os nossos pecados uns aos outros. Porque eu entendo que, declarando as nossas fraquezas uns aos outros, nós nos ajudamos mutuamente mediante conselho e consolação. A outra é a que se faz por amor do nosso próximo, ofendido por nossa falta, para o apaziguar e para que haja reconciliação” (Institutas da Religião Cristã, capítulo V – o arrependimento).

Irmãos e irmãs, é primordial e urgente que façamos parte do grupo de pessoas que na comunidade se propõe a interceder uns pelos outros, bem como, com muita maturidade e consagração, se põe a ouvir aos doentes e ofendidos, para que, pelo perdão, reconciliação e ação divina de cura, a comunidade cristã seja curada.